terça-feira, setembro 06, 2011

Eu sou dele, mas ele não pode saber

“Ele tem aquele gosto doce que não enjoa, só vicia. Os lábios tão vermelhos que mais parecem cor de cereja. Ele desenha minha boca na dele. A minha pele arrepia na dele. O corpo dele é uma extensão do meu. E o meu, quem diria, é uma extensão do dele. Olhos tão cheios de vida que iluminam qualquer beco escuro e sem saída. Ele me atormenta. O mistério de não poder tê-lo, me alimenta. Ao mesmo tempo em que está tão perto de mim, pouco sei sobre ele. Mas a maneira como ele diz tanto mesmo dizendo nada, chama toda a minha atenção. A forma como ele gesticula. As mãos. Ah, as mãos, tão lindas, limpas e com um cigarro entre os dedos. O cheiro de seu pescoço -bem abaixo da sua orelha (onde eu sussurro minhas poesias) e entre a curva do ombro com a nuca- é um cheiro de saudade. Cheiro, aliás, que fica dias no lençol branco com manchas de vinho quando ele se vai. Vai e leva todas as minhas vontades. Ele não sabe, mas eu sou dele. Eu sou dele, mas ele não pode saber.”

 Que doce seja

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